Sou seu presente

Era Natal. E o que era pra ser somente alegria e festa, pra algumas pessoas não seria bem assim. Duas pessoas completamente diferentes, de fato. Mas com os mesmos pensamentos, e as mesmas dores.

Ela era sozinha. Seus pais haviam sido enterrados no dia anterior. Por conta de um caminhão idiota que, por conta do destino, apareceu na frente do carro deles. Antes do dia do Natal.

Ele era diferente de todos, isso era claro. Sua beleza era, de longe, a mais diferente. Porém, a que tinha mais presença. Sua pele pálida o deixava com um ar de mistério, e seus olhos azuis, tão claros como o céu, o tornava um pouco mais doce do que sua aparência permitia.

O que ele tinha em comum com ela? Ele também se sentia sozinho. Sabia desde o inicio que sua família era diferente das outras. Que a forma de sobreviver era diferente. Mas ele não estava ligando muito. Antes isso, do que dar um tiro na cabeça de alguém. Pelo menos não eram assassinos. Não de pessoas.

A noite estava calma naquele dia. Já que na maioria das vezes, as famílias se juntavam para a ceia e a troca de presentes. Era tudo perfeito na noite de Natal, exceto praqueles dois adolescentes – ele nem tão adolescente assim. O nome dele era Derick, o dela? Joanne.

Nova York nunca estivera tão parada assim, pensou Joanne. Talvez fosse ela que achasse tudo tão melancólico agora. Por conta do coração que ela sentia despedaçado, e do clima cinzento do que estava alí. Onde estão as luzes, e todas aquelas canções? Pensou ela, novamente.

Talvez só quem estivesse no verdadeiro espírito de Natal visse toda aquela magia. Talvez não. Talvez ela estava somente escondida demais para perceber tudo aquilo. Agachada e encostada em uma árvore um tanto comum, vista do Central Park, ela chorava abraçada com a foto de seus pais.

- Por que, Deus? Porque fez isso comigo? – ela sussurrou baixinho, soluçando de uma forma tão
doída pra quem estava vendo.

Era Derick. Ele observava aquela pequena garota, agachada em meio a escuridão, na noite de Natal. Isso era injusto, pensou ele. Como Deus permitiu que algo assim, acontecesse com alguém tão frágil e tão doce? Se questionou.

- Quem é você? – Joanne levantou a cabeça para observar a sombra que a estava observando de longe.

Ele se aproximou lentamente dela. E quando ambos os olhos se encontraram, de repente, pareceu que uma onda elétrica de boa energia passou por ali.

- Eu sou o seu presente. E quero lhe proteger, de todo o mal. Sou o seu futuro também.

Ele aproximou da garota, pegou em seus cabelos – tão delicados como pluma – e os puxou pro lado, inclinado o pescoço de Joanne para mais perto. E ali, ele selou toda aquela magia que encontraram um no outro. A mordida foi por amor. Foi por solidão. Foi por desejo de se sentirem amados, ao menos uma vez, por alguém. E foi assim, por toda a eternidade.

***

Esse foi o conto que eu mandei para o concurso Fic Capricho. Deveria ser pequeno mesmo... O resultado da primeira fase sai dia 17/02. Me desejem sorte! Vou precisar.

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