Uma carta
"O amor é o ridículo da vida. A gente procura nele uma pureza impossível, uma pureza que está sempre se pondo. A vida veio e me levou com ela. Sorte é se abandonar e aceitar essa vaga ideia de paraiso que nos persegue, bonita e breve, como borboletas que só vivem 24 horas. Morrer não doi."
Foi o que disse o rei Cazuza.
O que me pergunto é como alguém consegue mudar de sentimentos tão rápido? Posso jurar que há 30 minutos atrás parecia que eu era a pessoa mais feliz do mundo. E agora aqui, ouvindo lamentações de Cazuza.
Gosto do que ele falam. Drogas, sexo, vida, pensamentos escondidos me agradam. Sempre fui de ouvir Cazuza, o que pra muitos da minha idade pode parecer cafona ou até fora de moda. Mas modinha nunca me chamou atenção. Ouço por causa da minha mãe, porque ela me ensinou coisas do tipo. Gosto de me lembrar de quando ficávamos eu e ela ouvindo e buscando ajuda nas frases loucas, mas completas que ele fala. Na verdade, sempre me achei muito parecida com ele. Sou meio desequilibrada emocionalmente, e geralmente dependo muito dos meus amigos para sobreviver. Gosto de viver perigosamente e procuro tirar o máximo de tudo, sempre. Prefiro arriscar à ficar parada. Prefiro dizer sim, do que dizer não querendo dizer sim. Mas me desculpe, Cazuza, porque mentiras sinceras já não me interessam mais. "Porque eu preciso dizer que te amo, te ganhar ou perder sem engano"... Eu já não tenho mais heróis para morrer de overdose. Quando na verdade, já não me sobrou nenhum. Heróis não existem. E se existem, tem que ser mais forte do que eu. Não quero mais ser pão de ninguém. Quero ser água, pão e manteiga. Pão não deixa uma pessoa completamente satisfeita. Hoje em dia as exigências são outras. O exagero me cansa, porque me segue o dia todo. Não consigo mais sentir aquilo que sentia exageradamente, porque querendo ou não, sei que no final vai ter o mesmo final de sempre. E repetição me cansa ainda mais. Exagero me toma o tempo, e no final, tenho vontade de tirar os óculos e fingir não ver nada.
E já que eu não posso te levar, queria que você me levasse. Sua vida louca deve ser muito melhor do que essa minha, repetitiva. Ainda quero alguém para inventar um amor, e ainda espero pelo amor com sabor de fruta mordida. Não procuro mais pela pureza impossível. E queria conhecer essa ideia vaga desse pequeno paraíso que te persegue. Bonito e breve, como você diz. Como borboletas, que só vivem vinte e quatro horas. Morrer não dói, mas a saudade que você deixou sim.
Mas o que eu quero mesmo, e desejo para todo mundo (até para os que não merecem) é todo o amor que há nessa vida.
Queria ter a oportunidade de te mandar um beijo e te abraçar, mas sei que você acharia isso estupidez. Ou não.
E obrigada pelas suas palavras que me entendem e dizem exatamente o que se passa. Mas no momento... procuro alguém para me explicar.
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