Acontece que na minha vida não tem mais meio termo. Ou as coisas vão bem ou não, simples e complicado. Tudo fica bem e de repente, do nada, desmorona.

Tudo começa dar errado a partir daí. Ontem mesmo eu achei que tinha TUDO pra dar certo, já hoje... aquela esperança se foi pelo ar quando eu percebi. Ontem tinha vontade de gritar pro mundo o quanto eu estava feliz e o quanto eu queria viver aquilo. Já hoje estou com uma vontade mórbida de morrer.

É a vida...

E se eu disser que hoje acordei triste? Abri meus olhos, e senti. Percebi que a tristeza e a preguiça não me fariam ter vontade de enfrentar o dia. Levantei, fiz todo o ritual de sempre - banho, escovar os dentes e ir trabalhar - mesmo sem perceber que estava fazendo isso realmente. Hoje o dia estava tão ruim que nem

raiva eu consegui sentir quando rasguei minha calça.

Uns dizem pra deixar isso pra lá. Outros falam: acha, isso tem que passar. Vamos sair hoje! Mas esses são os que tem medo, que temem a tristeza. Não querem enfrentar a dele, a sua e nem a de ninguém. E por isso se afundam cada vez mais nessa alegria que na realidade é uma mentira. Acham que pelo fato de eu sorrir sempre eu estou sempre feliz. Não, eu prefiro esconder minha tristeza, atrás de um sorriso artificial. Prefiro esconder à falar sobre isso. Dói menos e economiza tempo. "Eu não sei o que meu corpo abriga nessas noites quentes de verão e não me importa que mil raios partam qualquer sentido vago da razão, eu ando tão down..." lembra quem disse isso? Cazuza. E ele ainda disse lá no meio dos versos que pega mal sofrer. É, pega sim. Mas sofrer é tão normal quanto respirar. Qualquer um tem um momento mais vulnerável. Eu, você e qualquer outro. "Não quero te ver triste assim" Dizia Roberto Carlos em meio a outra música.

Mas o problema de todos é a mania de esconder essa tristeza. Pra que ficar em casa, pensativa? Melhor ensaiar um sorriso artificial, melhor desamarrar a cara. Tristeza é para os fracos.

Claro que é melhor ser alegre do que triste (dizia Vinícus) mas um pouco de desanimo para frear seus planos faz bem de vez em quando.

Mas hoje eu não quero nada disso. Hoje quero minha quietude, quero pensar, quero sorrir na hora que eu quiser e sem forçar nada. Quero ouvir músicas e chorar, ver fotos e relembrar... Uma hora essa tristeza vai passar, e a velha Julia de sempre vai voltar. Preparada novamente para outra onda de melancolismo como essa. Anunciando o fim desta, e pronta pra outra. De tão normal que sou.