Dores e perdas

Bom, do nada, hoje me deu essa vontadinha de voltar a escrever aqui. Acho que esses dias eu ando bem mais antenada com o que acontece e com as pessoas. E também ando bem mais viciada em escrever.


Eu estava no Twitter, conversando normal, quando uma pessoa manda o Formspring dele, divulgando, normal. Beleza, fui ver. Adoro fuçar. Quando entro, assim que bato os olhos lá, eu leio aquela pergunta: "Por que você não fala do seu pai nas coisas que você escreve?"
E ele respondeu: "Porque não tenho pai."

Sabe, eu não conheço o garoto. Apenas sigo ele no Twitter pelo que ele escreve. Mas eu nunca, repito, NUNCA, havia reparado que ele não citava o pai dele. Quando li aquilo eu congelei. Parece que tudo a minha volta parou. Eu parei. Fiquei olhando a foto daquele garoto.
Ele não tem pai, pensei. Eu reclamo tanto pro meu pai, eu brigo tanto com meu pai as vezes, que nunca parei pra pensar em como seria realmente, estar sem ele.

Mas voltando ao garoto que "não tem pai", eu parei pra pensar, de verdade. É meio complicado falar de coisas desse tipo, contando que eu sei sentir a dor do outro. De quem conheço e de quem eu não conheço também. E eu sei, que a pior dor, a pior falta, o pior eco, é o da saudade. É difícil encarar algo assim, uma notícia assim. Eu, que geralmente escrevo sobre crises, amores não correspondidos.. me faltam palavras. Eu só queria que ele, ou quem for, soubesse que eu estou aqui. Pra tudo. Quando li aquilo, me deu uma vontade de estar com ele, de abraçar ele e dizer que aquilo aconteceria com qualquer um.

Vai fazer 4 anos que eu perdi um tio. Num acidente de carro. Eu não culpo ninguém. Acho que quando chega a hora, chega mesmo. Não muda, está escrito. Só que a forma como eu recebi a notícia foi o que chocou. Nunca é legal receber uma notícia assim. Nunca é bom saber que perdeu alguém que você ama. Alguém que te amou e que faltou você no dia-a-dia da pessoa. Faltou mais "eu te amo" da sua parte pra ele. Faltou mais abraços. Faltou mais palavras sinceras e corações apertados. É estranho pensar que isso pode vim do nada, sem pedir, sem dar aviso. É até hipocrisia pensar que amanhã, pode não ser a mesma coisa. As mesmas pessoas.

E é por isso que tenho essa necessidade de amar, de estar junto. Um amor sem jogos, sem truques, sem meias palavras. Acredito no amor de um olhar, no amor de um abraço, no amor de uma palavra.. ou no amor de um silêncio. Esse último, muitas vezes, vale mais do que mil palavras.

Mas mesmo assim, é extremamente difícil dizer adeus. É complicado e dói ver alguém indo embora, alguém sendo enterrado. É angustiante pensar que não vai poder mais tocar aquela pessoa. Dói, dói mesmo. E é uma dor que pode passar, mas não desaparece. É uma saudade que deixa cicatrizes. E com o tempo, pode acalmar. Mas dentro de você a pessoa vai continuar, viva, bem viva, no seu coração. Nas suas lembranças, nas suas fotos. E vai ser sempre uma lembrança boa. Eu, por exemplo, só tenho a imagem do meu tio sorrindo. Não me lembro direito como foi o dia de seu enterro. Fiz questão de apagar. Mas a dor continua lá. A saudade ainda permanece. E vai ser sempre. Porque eu tenho a cicatriz. A cicatriz que toda aquela dor trouxe pra mim.

Porque temos que viver o dia de hoje como se fosse o último. Lembre-se SEMPRE de dizer o quanto você ama aquela pessoa, e o quanto você necessita dela. Porque você daria o ar que você respira pra ela. Porque é assim, o amanhã não nos pertence. E nunca pertencerá.

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Deixando bem claro que eu não sei o sentido do "Eu não tenho pai" que o garoto disse. Eu somente achei esse um bom tema pro texto. Perdão se entendi errado!

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